18 de out. de 2010

A era do politicamente correto

Do blog Aurora de Nietzsche

Vivemos os “tempos áureos” do politicamente correto. Isso significa que, desconfiar do aquecimento global, de bandeiras como “a paz social oriunda do direito e da democracia”, da “espiritualidade holística”, do “socialismo a la América Latina” ou dos “vilões sociais”, por exemplo, é quase ir para a forca. Experimente não concordar com esses bordões? 
Quando assisti ao documentário “uma noite em 67”, percebi o quanto a nossa época é pouco criativa, pouco revolucionária e, assim, tão desprovida de potência. Ri-se muito pouco, esbraveja-se menos ainda.
Que chatice. Será que desconhecem a potência da raiva, da discordância, da profanação, da dor, da angústia ou mesmo das gargalhadas politicamente incorretas? Imagine se os indivíduos nunca houvessem discordado, sentido raiva ou profanado seus “santos”? 
No documentário a que me referi, Chico Buarque aparece bêbado dando uma entrevista engraçadissíma, detalhe: o repórter era mais divertido ainda e fazia perguntas que horrorizariam os homens de hoje. O “ápice” do politicamente incorreto foi Caetano Veloso e o tal repórter: “- Caetano, na música “alegria, alegria”, o que vc pretendeu ao falar de coca-cola, Brigitte Bardot, cardinales bonitas?” Ao que respondeu Caetano: “quis dizer coca-cola, Brigitte Bardot e cardinales bonitas.” 
Risos. Agora, imagine uma pergunta como essa formulada a alguém hoje em dia? Pode apostar que viria uma teoria do sujeito, do objeto, das massas, dos campos, disso ou daquilo. 
Chamou a atenção a gritaria, à época, em torno da guitarra elétrica e da “americanização” da música brasileira - discurso que parece ser anterior à invenção da roda... Caetano nem deu bola; entrou no palco com os Beach Boys e as guitarras elétricas. No início, o público torceu o nariz; após, foi contagiado pela beleza de “alegria, alegria” e deu uma banana para o “poticamente correto”. Foi bonito de ver!
A monalisa de Basquiat me encanta, porque é a profanação em potência. Para mim, a arte de Basquiat é tal qual “alegria, alegria”, ambas potencialmente geniais.
Estamos carentes de genialidade. Tudo parece sufocar em nome do “politicamente correto”. Em contraposição a isso, urge uma estética renovada que nos devolva à potência  do mais puro gênio.  
"Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, no sol de quase dezembro, eu vou!" Hehehehe!

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