5 de out. de 2010

A maléfica intervenção da religião na política

Do blog da Folha
 Por Gilberto Dimenstein

Baixarias contra Dilma e Serra


O secretário de comunicação do PT, André Vargas, acusa Serra de ser anticristão porque, quando era ministro da Saúde, teria introduzido a pílula do dia seguinte na rede pública. Errado. Mesmo que fosse verdade, não vejo nenhum problema, muito pelo contrário.
Vargas faz esse ataque para tentar minimizar os estragos causados pelo debate sobre aborto, que tirou votos de Dilma Rousseff. Como já escrevi em coluna passada, as declarações de Dilma, no passado, foram coerentes com alguém preocupado com a saúde da mulher. Os ataques contra ela foram uma baixaria, tentando faturar no que considero uma visão atrasada contra os direitos da mulher e contra a saúde pública.
Preferem que as mulheres continuem fazendo aborto nas piores condições possíveis, sem nenhum apoio do poder público, correndo sérios riscos? Coisa, claro, que não afeta os mais ricos.
Se levássemos às últimas conseqüências os ataques de André Vargas, adolescentes que fizeram sexo desprotegido, ficariam grávidas, sem a pílula do dia seguinte. Fariam um aborto ou teriam, na marra, um filho que não querem.
Se forem levar radicalizar essa discussão, segundo os preceitos religiosos, nem mesmo camisinhas seriam distribuídas, afinal a posição da igreja é fazer sexo só depois do casamento. Aliás, nem haveria pílula anticoncepcional.
Condicionar políticas públicas a esse tipo de visão é não um atraso, mas falta de responsabilidade.

Comentário: O discurso religioso, como diz o ensaista, atrasa o debate político e distorce bons argumentos sociais

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